Eu não sou compositor do jeito que você diz. Eu não sou compositor só porque escrevo músicas. É que a música e a poesia estão dentro de mim. Sabe? Muitas vezes, durante as noites, eu fico andando pela cidade horas e horas, sozinho, pra sentir a cidade. Fico procurando não sei o quê. Olhando as pessoas que vão passando, observando um camelô, prestando atenção num bêbado, num engraxate solitário, uma prostituta. Ontem vi uma mulher velha, negra, completamente embriagada. Ela cambaleava, mancando, bêbada, a perna torta, quebrada, se apoiando num pedaço de madeira. Eu fiquei pensando: essa mulher é o mundo! É o que fizeram do mundo. Ela cambaleava, com a bebedeira, a perna torta e um cabo de vassoura. Conseguia caminhar uns três metros, mas logo caía, estatelava-se no chão. Depois, com muito sacrifício, conseguia se levantar, mas logo caía novamente. Aquela vontade de caminhar, de continuar. Num certo momento ela atravessou a avenida. E, no meio da avenida, entre os automóveis que passavam, ela caiu... caiu e não conseguia mais levantar sozinha. Alguém tinha que ajudar. E lá ficou ela, no chão, caída, no meio dos carros que passavam. Passavam os Dodges, os Opalas, os Corcéis, os Fiats... E ninguém sequer olhava pra ela. Os carros passavam, e a mulher ali: jogada, como um bicho ferido. Sabe que ali na rua eu chorei por aquela mulher? Eu chorei. Nem sei bem se chorei por ela ou por mim, ou se chorei pelo mundo.
Tuesday, November 23, 2010
Eu não sou compositor do jeito que você diz. Eu não sou compositor só porque escrevo músicas. É que a música e a poesia estão dentro de mim. Sabe? Muitas vezes, durante as noites, eu fico andando pela cidade horas e horas, sozinho, pra sentir a cidade. Fico procurando não sei o quê. Olhando as pessoas que vão passando, observando um camelô, prestando atenção num bêbado, num engraxate solitário, uma prostituta. Ontem vi uma mulher velha, negra, completamente embriagada. Ela cambaleava, mancando, bêbada, a perna torta, quebrada, se apoiando num pedaço de madeira. Eu fiquei pensando: essa mulher é o mundo! É o que fizeram do mundo. Ela cambaleava, com a bebedeira, a perna torta e um cabo de vassoura. Conseguia caminhar uns três metros, mas logo caía, estatelava-se no chão. Depois, com muito sacrifício, conseguia se levantar, mas logo caía novamente. Aquela vontade de caminhar, de continuar. Num certo momento ela atravessou a avenida. E, no meio da avenida, entre os automóveis que passavam, ela caiu... caiu e não conseguia mais levantar sozinha. Alguém tinha que ajudar. E lá ficou ela, no chão, caída, no meio dos carros que passavam. Passavam os Dodges, os Opalas, os Corcéis, os Fiats... E ninguém sequer olhava pra ela. Os carros passavam, e a mulher ali: jogada, como um bicho ferido. Sabe que ali na rua eu chorei por aquela mulher? Eu chorei. Nem sei bem se chorei por ela ou por mim, ou se chorei pelo mundo.
Tuesday, November 09, 2010
Saturday, October 23, 2010
Acho que o inventor do chiclete, ao terminar sua obra prima, nunca imaginou que ele pudesse ser usado tão para o mal como é usado nos dias de hoje. Toda grande invenção, quando cai na mão de pessoas que tem a habilidade inata de fazer coisas que irritam, tende a se tornar algo irritante. O chiclete talvez seja o produto que melhor represente essa afirmação.
Alguém consegue entender o porquê de alguém colocar um chiclete na boca e ficar mascando de boca aberta com uma força não natural? Eu não consigo… O barulho que a pessoa emite fazendo isso é extremamente desagradável. Eu não sei o que pensam, mas fazer isso não é algo sedutor. Fazer isso é nojento e a pessoa que pratica tal ato passa uma imagem asquerosa. O sabor sai em cinco minutos e a pessoa fica lá mordendo o mesmo pedaço de plástico sem gosto por horas e mais horas. Salivando… Nós não somos bovinos para ficar ruminando! Também mata o estresse e previne seu câncer do mesmo jeito se você fizer de boca fechada e não como um filho da puta.
Mas as pessoas fazem questão de serem filhos da puta e, depois de mastigarem um bom tempo de boca aberta, pegam cuidadosamente o chiclete e o colam embaixo das cadeiras. A pessoa que faz isso é o típico cara que, ao notar que você se incomoda com o mascar de boca aberta dele, passa a mascar com mais força e se aproxima de você o máximo possível. Não é legal desejar o mal às pessoas, mas se essas pessoas perdessem todos os dentes por cáries e todas as calças por chicletes colados em baixo da carteira da escola, acho que o panorama mudaria radicalmente.
É por essas e outras que algo que faz coisas maravilhosas, como tirar o bafo quando você bebe demais ou tirar o seu bafo natural mesmo ou deixar um gostinho bom na boca, acaba se tornando um instrumento do mal que só te deixa nervoso e desapontado e transfere momentaneamente o stress de quem está mascando para você, para mais para frente transferir também o câncer de quem está mascando para você; que não masca por causa das cáries.
O QUARTO
Para mim, o quarto é muito mais do que o cômodo de nossas casas que somente usamos para dormir. Também se usa para dormir, seria a designação mais correta, pois eu uso para muitas coisas mais. Se eu parar para uma rápida reflexão, chegarei a conclusão de que passei, como um prisioneiro penitenciário, mais da metade da minha vida sozinho dentro do meu quarto, com a diferença de que sempre tive a opção de sair. Também em função de todo esse tempo, a relação se torna muito visceral para se dizer que é apenas um lugar para dormir.
Na maior parte desse tempo eu estive dormindo, claro, mas por muitas outras vezes eu estive meditando, escrevendo, tocando ou fazendo diversas outras coisas não tão importantes a ponto de merecerem ser citadas aqui. Você, quando está no quarto, pode achar uma merda estar ali naquele momento em que podia estar lá fora fazendo outra coisa, mas quando você está lá fora fazendo outra coisa, independentemente de onde você esteja ou do que você esteja fazendo, e algo dá errado, a primeira coisa que você pensa é que poderia estar na tranquilidade e segurança do seu quarto. Mas não, em algum momento você abriu mão daquilo e se colocou ali naquela situação, que agora está terrível porque deu errado.
Você trabalha num modo super avançado no seu quarto. Nele você é capaz de atingir um nível no que se presta a fazer que muitas vezes surpreende até à você mesmo. No seu quarto, você é um gênio que simboliza o antônimo do idiota que você é fora dele. Você é um cara com mais respostas que Freud; um analista capaz de detectar complexas patologias psicológicas e dar orientações em prol de suas resoluções. Em seu quarto, você é superdotado.
No quarto, ao fechar a porta e se conectar a internet, as pessoas padecem de um sintoma que é o de estarem sozinhas e acharem que estão em companhia. Então você pensa muito e tecla com outras pessoas, mas na verdade você continua ali sozinho. Você pega seu violão e toca uma música no microfone e acha que tem mais gente ali com você, mas na verdade você está apenas tocando sozinho em seu quarto. Independentemente se estão vendo, lendo ou ouvindo o que você está fazendo, você continua ali sozinho. Essa é a droga de nossos tempos, é o contato com a realidade e ao mesmo tempo o inverso. É você deitar em sua cama com o fone de ouvido no último volume, apagar a luz, se cobrir, fechar os olhos e sentir música. É irracional, mas você tenta resumir o mundo naquilo e, por um momento, você consegue; consegue deixar as atrocidades lá fora, a desgraça e o desespero ficam e nada mais além de música te atinge. Então você chora sem ninguém ver, chora pelo seu mundo que logo vai acabar e pelo outro, que é o que te espera com todas as suas nojeiras e desgraças a mil, que não vai sossegar e nem te deixar sossegado até devorar o que você tem de bom e fazer você cair completamente exaurido no picadeiro de sua própria imaginação e na glória de sua própria solidão.
Você trabalha num modo super avançado no seu quarto. Nele você é capaz de atingir um nível no que se presta a fazer que muitas vezes surpreende até à você mesmo. No seu quarto, você é um gênio que simboliza o antônimo do idiota que você é fora dele. Você é um cara com mais respostas que Freud; um analista capaz de detectar complexas patologias psicológicas e dar orientações em prol de suas resoluções. Em seu quarto, você é superdotado.
No quarto, ao fechar a porta e se conectar a internet, as pessoas padecem de um sintoma que é o de estarem sozinhas e acharem que estão em companhia. Então você pensa muito e tecla com outras pessoas, mas na verdade você continua ali sozinho. Você pega seu violão e toca uma música no microfone e acha que tem mais gente ali com você, mas na verdade você está apenas tocando sozinho em seu quarto. Independentemente se estão vendo, lendo ou ouvindo o que você está fazendo, você continua ali sozinho. Essa é a droga de nossos tempos, é o contato com a realidade e ao mesmo tempo o inverso. É você deitar em sua cama com o fone de ouvido no último volume, apagar a luz, se cobrir, fechar os olhos e sentir música. É irracional, mas você tenta resumir o mundo naquilo e, por um momento, você consegue; consegue deixar as atrocidades lá fora, a desgraça e o desespero ficam e nada mais além de música te atinge. Então você chora sem ninguém ver, chora pelo seu mundo que logo vai acabar e pelo outro, que é o que te espera com todas as suas nojeiras e desgraças a mil, que não vai sossegar e nem te deixar sossegado até devorar o que você tem de bom e fazer você cair completamente exaurido no picadeiro de sua própria imaginação e na glória de sua própria solidão.
Monday, October 18, 2010
Ela estava no bar, sozinha, tomando uma cerveja, quando ele se aproximou. Não disse nada, nem se apresentou, mas desde logo ela teve certeza: era um príncipe! Um homem jovem, bonito, elegantemente vestido, os cabelos castanhos e lisos cuidadosamente penteados. Príncipe, sim. E a grande aventura que ela sempre esperara estava enfim acontecendo.
Sorrindo, o príncipe fez um imperceptível gesto de cabeça. Ela levantou-se e o acompanhou. Saíram do bar, embarcaram no grande carro cinza-prateado que o aguardava. Sem uma palavra, como se fosse algo preestabelecido, o chofer arrancou. Rodaram algum tempo pela cidade e depois pelo subúrbio; e não trocavam uma palavra, o príncipe e ela. Olhavam-se, às vezes, e quando se olhavam, sorriam, mas nada diziam, porque não parecia necessário dizer nada. Chegaram à casa de campo, e era bem como ela imaginava. Uma grande casa, situada no meio de um imenso e bem cuidado jardim. O mordomo esperava-os na porta. Subiram de imediato para o andar superior. O príncipe abriu a porta de um quarto e ali estava, como ela imaginara, a larga cama ricamente bordada. Com um suspiro, caiu nos braços dele e sem muita cerimônia iniciaram os beijos e gemidos, que culminaram em poucos instantes com um grande ato sexual. Depois, ele abriu o champanhe que estava no balde prata; sorrindo sempre, e sempre sem dizer nada.
Ficaram ali, em silêncio, tomando champanhe. E de repente, ela não pôde se conter. De repente disse, os olhos brilhando:
- Tu reparou, Excelência, que a gente não disse uma palavra desde que nos encontramos?
O homem tentou ainda detê-la, mas era tarde demais. Rapidamente o rosto do príncipe começou a criar bolhas gigantes, seus olhos incharam e a pele começou a derreter.
Aos prantos, ele disse: - Vamos, querida, você já está atrasada.
Abriu os olhos e lá estava a sua mãe, na beirada da cama, a chamando para o colégio.
Sorrindo, o príncipe fez um imperceptível gesto de cabeça. Ela levantou-se e o acompanhou. Saíram do bar, embarcaram no grande carro cinza-prateado que o aguardava. Sem uma palavra, como se fosse algo preestabelecido, o chofer arrancou. Rodaram algum tempo pela cidade e depois pelo subúrbio; e não trocavam uma palavra, o príncipe e ela. Olhavam-se, às vezes, e quando se olhavam, sorriam, mas nada diziam, porque não parecia necessário dizer nada. Chegaram à casa de campo, e era bem como ela imaginava. Uma grande casa, situada no meio de um imenso e bem cuidado jardim. O mordomo esperava-os na porta. Subiram de imediato para o andar superior. O príncipe abriu a porta de um quarto e ali estava, como ela imaginara, a larga cama ricamente bordada. Com um suspiro, caiu nos braços dele e sem muita cerimônia iniciaram os beijos e gemidos, que culminaram em poucos instantes com um grande ato sexual. Depois, ele abriu o champanhe que estava no balde prata; sorrindo sempre, e sempre sem dizer nada.
Ficaram ali, em silêncio, tomando champanhe. E de repente, ela não pôde se conter. De repente disse, os olhos brilhando:
- Tu reparou, Excelência, que a gente não disse uma palavra desde que nos encontramos?
O homem tentou ainda detê-la, mas era tarde demais. Rapidamente o rosto do príncipe começou a criar bolhas gigantes, seus olhos incharam e a pele começou a derreter.
Aos prantos, ele disse: - Vamos, querida, você já está atrasada.
Abriu os olhos e lá estava a sua mãe, na beirada da cama, a chamando para o colégio.
Friday, October 08, 2010
Eu não acredito que algum dia o homem consiga viajar no tempo. Ao passado ou ao futuro, não importa. Creio que será sempre impossível. Não apenas hoje, levando-se em consideração a tecnologia disponível, mas em qualquer época, mesmo no mais longínquo futuro.
Eu não sou físico ou astrônomo, mas apenas um curioso que gosta de pensar. E o que eu penso em relação à viagens no tempo é simples. Vamos supor que, lá no futuro, daqui a 200, 500 anos, o homem alcançasse a tecnologia para viajar no tempo. Certamente, esse homem do futuro já teria voltado aqui ao nosso tempo pra nos visitar. Mas não temos qualquer tipo de registro ou mesmo indícios desse tipo de "visita" do futuro. Ainda que o homem de daqui a um milhão de anos alcançasse essa tecnologia, ja haveria em algum momento da nossa história algum registro dessas visitas de "volta ao passado". Mas não existe.
Além do mais, estando no presente, pra nós o futuro não existe. E quando o futuro chegar, o nosso presente já terá se tornado passado e, por consequência, também não existirá mais. Ou seja, o passado não existe mais em qualquer circunstância. E presente e futuro não podem coexistir. Quando um (presente) está "vivo", o outro (futuro) ainda não existe. E, quando o outro chega, aquele já "morreu".
Há que se considerar ainda algumas implicações de uma viagem no tempo. Por exemplo, se daqui a 200 anos o homem alcançasse essa tecnologia de viajar ao passado e resolvesse voltar ao tempo em que seu bisavô era jovem e, por algum motivo, interferisse tirando a vida de seu bisavô antes que este deixasse descendentes, o que aconteceria? Imediatamente aquele viajante deixaria de existir? Alguns físicos famosos que acreditam que um dia viagens no tempo serão possíveis afirmam que, nessas situações, universos paralelos seriam criados. Ou seja, haveria um curso principal do tempo, mas haveria também ramificações. Toda vez que houvesse uma interferência no passado, aquele passado se ramificaria de modo que o curso principal continuasse fluindo, e um universo paralelo surgiria com as mesmas pessoas e essas alterações e interferências, em forma de uma ramificação. Assim, a partir daquele momento, o universo prosseguiria através de duas realidades. E isso poderia ocorrer indefinidamente ou infinitamente cada vez que houvesse uma intereferência no tempo. Infinitos universos paralelos poderiam ser criados e poderiam coexistir.
Simplesmente muito louco!!! Louco, quem? Esse papo? Sei lá. Esse é mais um assunto daqueles da série em que a minha mãe diz: "Filho, você pode até pensar nessas coisas, só não conte para os outros".
Eu não sou físico ou astrônomo, mas apenas um curioso que gosta de pensar. E o que eu penso em relação à viagens no tempo é simples. Vamos supor que, lá no futuro, daqui a 200, 500 anos, o homem alcançasse a tecnologia para viajar no tempo. Certamente, esse homem do futuro já teria voltado aqui ao nosso tempo pra nos visitar. Mas não temos qualquer tipo de registro ou mesmo indícios desse tipo de "visita" do futuro. Ainda que o homem de daqui a um milhão de anos alcançasse essa tecnologia, ja haveria em algum momento da nossa história algum registro dessas visitas de "volta ao passado". Mas não existe.
Além do mais, estando no presente, pra nós o futuro não existe. E quando o futuro chegar, o nosso presente já terá se tornado passado e, por consequência, também não existirá mais. Ou seja, o passado não existe mais em qualquer circunstância. E presente e futuro não podem coexistir. Quando um (presente) está "vivo", o outro (futuro) ainda não existe. E, quando o outro chega, aquele já "morreu".
Há que se considerar ainda algumas implicações de uma viagem no tempo. Por exemplo, se daqui a 200 anos o homem alcançasse essa tecnologia de viajar ao passado e resolvesse voltar ao tempo em que seu bisavô era jovem e, por algum motivo, interferisse tirando a vida de seu bisavô antes que este deixasse descendentes, o que aconteceria? Imediatamente aquele viajante deixaria de existir? Alguns físicos famosos que acreditam que um dia viagens no tempo serão possíveis afirmam que, nessas situações, universos paralelos seriam criados. Ou seja, haveria um curso principal do tempo, mas haveria também ramificações. Toda vez que houvesse uma interferência no passado, aquele passado se ramificaria de modo que o curso principal continuasse fluindo, e um universo paralelo surgiria com as mesmas pessoas e essas alterações e interferências, em forma de uma ramificação. Assim, a partir daquele momento, o universo prosseguiria através de duas realidades. E isso poderia ocorrer indefinidamente ou infinitamente cada vez que houvesse uma intereferência no tempo. Infinitos universos paralelos poderiam ser criados e poderiam coexistir.
Simplesmente muito louco!!! Louco, quem? Esse papo? Sei lá. Esse é mais um assunto daqueles da série em que a minha mãe diz: "Filho, você pode até pensar nessas coisas, só não conte para os outros".
Thursday, October 07, 2010
DEUS?
Eu acredito em Deus. Acredito em sua existência. Tenho um relacionamento peculiar com Ele, recheado de dúvidas e crises. Mas eu não posso negar a sua existência em virtude de algumas experiências personalíssimas e sobrenaturais que eu já tive em minha vida. Ele simplesmente existe em minha vida. Ainda que o resto do mundo concluísse pela sua inexistência, para mim ele continuaria existindo. Só eu vivi o que eu vivi, só eu senti o que eu senti. Simples assim.
Às vezes eu fico surpreso quando tenho algum contato com alguém que se diz ateu. Mas o que me deixa mais intrigado é a necessidade dessas pessoas de enfatizarem constantemente o fato de serem ateus. Como se isso não estivesse bem resolvido e tranquilo em suas vidas. Como se precisassem convencer a si mesmos o tempo todo. Falam, discutem, escrevem sobre o tema.
Eu não acredito em saci, não acredito em sereia, nem em mula-sem-cabeça etc. Mas nem por isso eu vou passar a minha vida discutindo, reafirmando ou escrevendo sobre isso. Saci não existe e ponto final. Isso é tranquilo pra mim.
Por outro lado, eu acredito na existência de cabeça de bacalhau, embora nunca tenha visto uma. Acho pouco provável que exista um bacalhau sem cabeça vagando pelo fundo do oceano.
Ninguém vai admitir, mas a busca obcecada para se provar a inexistência divina traz em si um desejo camuflado de se confirmar o contrário. Sabe aquela história: "Eu não acredito, mas vai que..." Ou seja, o cara se diz ateu mas, no fundo, tá carregado de dúvidas. Mas não vai admitir.
Às vezes eu fico surpreso quando tenho algum contato com alguém que se diz ateu. Mas o que me deixa mais intrigado é a necessidade dessas pessoas de enfatizarem constantemente o fato de serem ateus. Como se isso não estivesse bem resolvido e tranquilo em suas vidas. Como se precisassem convencer a si mesmos o tempo todo. Falam, discutem, escrevem sobre o tema.
Eu não acredito em saci, não acredito em sereia, nem em mula-sem-cabeça etc. Mas nem por isso eu vou passar a minha vida discutindo, reafirmando ou escrevendo sobre isso. Saci não existe e ponto final. Isso é tranquilo pra mim.
Por outro lado, eu acredito na existência de cabeça de bacalhau, embora nunca tenha visto uma. Acho pouco provável que exista um bacalhau sem cabeça vagando pelo fundo do oceano.
Ninguém vai admitir, mas a busca obcecada para se provar a inexistência divina traz em si um desejo camuflado de se confirmar o contrário. Sabe aquela história: "Eu não acredito, mas vai que..." Ou seja, o cara se diz ateu mas, no fundo, tá carregado de dúvidas. Mas não vai admitir.
Saturday, October 02, 2010
Tem sempre alguém querendo dar dicas ou conselhos sobre quase tudo. Aqui vão algumas dicas sobre coisas que devem ser evitadas num primeiro encontro (talvez até num segundo ou terceiro encontro). Claro que tudo depende de cada pessoa. Afinal, cada um assume seus riscos. Mas há certos riscos que não precisam ser assumidos logo no começo. Assim, seguem algumas coisas que você NÃO deve fazer no primeiro encontro:
1- Sair pra jantar e escolher macarronada ou sanduíche. (O risco de derrubar molho, sujar a roupa e fazer meleca é imenso. Pra que correr esse risco?).
2- Levar a sua mãe ao primeiro encontro ou fazer com que o primeiro encontro seja um evento em familia, na casa dela. (Por mais legal que a sua mãe possa parecer, não se iluda: sogra vai ser sempre sogra).
3- Levar o irmão. (Vide explicação anterior - cunhado é sempre cunhado).
4- Você deve evitar ir ao cinema no primeiro encontro. No cinema não dá pra conversar. A coisa mais importante a se fazer numa primeira oportunidade juntos é justamente conversar pra se conhecer. Lugares muito barulhentos também devem ser evitados pelo mesmo motivo. (Por isso, o mais aconselhável seria um restaurante, barzinho tranquilo ou até mesmo uma caminhada ou picnic num sábado à tarde - e o picnic ainda dá um toque romântico).
5- Evite falar sobre dinheiro ou bens. (O motivo de vocês estarem saindo não deve ter sido a conta bancária do outro).
6- Num primeiro encontro não é legal falar sobre doenças, mortes, tragédias. À mesa, nunca é legal falar sobre doença, nem no 2o, 3o, 4o encontro... (Se você é hipocondríaca, pelo menos tente fingir que é normal).
7- Não fale sobre o ex. Nunca. (Ex é passado. O passado acabou, não existe mais. Se, porventura, estiver na dúvida se realmente é passado, resolva isso primeiro e só depois marque o encontro).
8- Não faça comparações entre a pessoa com quem está e o ex. Entre outras coisas, é desagradável. (Vide o conselho anterior).
9- Quando sentir vontade de dizer algo ou iniciar determinado assunto, mas não tiver certeza se deve, simplesmente fique inerte. Fique quieta e pense um pouco mais antes de falar. Enquanto estiver na dúvida, não faça nem fale nada. Ou escolha outro assunto. (Eu tenho colhido bons frutos depois que adotei esse esquema da inércia).
Claro que isso tudo é uma brincadeira. Cada um sabe onde o "calo aperta". Mas, se a gente prestar atenção em algumas pequenas atitudes, a gente consegue evitar situações chatas. Com o tempo, outras dicas serão acrescentadas.
1- Sair pra jantar e escolher macarronada ou sanduíche. (O risco de derrubar molho, sujar a roupa e fazer meleca é imenso. Pra que correr esse risco?).
2- Levar a sua mãe ao primeiro encontro ou fazer com que o primeiro encontro seja um evento em familia, na casa dela. (Por mais legal que a sua mãe possa parecer, não se iluda: sogra vai ser sempre sogra).
3- Levar o irmão. (Vide explicação anterior - cunhado é sempre cunhado).
4- Você deve evitar ir ao cinema no primeiro encontro. No cinema não dá pra conversar. A coisa mais importante a se fazer numa primeira oportunidade juntos é justamente conversar pra se conhecer. Lugares muito barulhentos também devem ser evitados pelo mesmo motivo. (Por isso, o mais aconselhável seria um restaurante, barzinho tranquilo ou até mesmo uma caminhada ou picnic num sábado à tarde - e o picnic ainda dá um toque romântico).
5- Evite falar sobre dinheiro ou bens. (O motivo de vocês estarem saindo não deve ter sido a conta bancária do outro).
6- Num primeiro encontro não é legal falar sobre doenças, mortes, tragédias. À mesa, nunca é legal falar sobre doença, nem no 2o, 3o, 4o encontro... (Se você é hipocondríaca, pelo menos tente fingir que é normal).
7- Não fale sobre o ex. Nunca. (Ex é passado. O passado acabou, não existe mais. Se, porventura, estiver na dúvida se realmente é passado, resolva isso primeiro e só depois marque o encontro).
8- Não faça comparações entre a pessoa com quem está e o ex. Entre outras coisas, é desagradável. (Vide o conselho anterior).
9- Quando sentir vontade de dizer algo ou iniciar determinado assunto, mas não tiver certeza se deve, simplesmente fique inerte. Fique quieta e pense um pouco mais antes de falar. Enquanto estiver na dúvida, não faça nem fale nada. Ou escolha outro assunto. (Eu tenho colhido bons frutos depois que adotei esse esquema da inércia).
Claro que isso tudo é uma brincadeira. Cada um sabe onde o "calo aperta". Mas, se a gente prestar atenção em algumas pequenas atitudes, a gente consegue evitar situações chatas. Com o tempo, outras dicas serão acrescentadas.
Friday, October 01, 2010
O que o amor tem a ver com sexo? Pra mim, quase nada. Calma: eu disse "quase" nada.
Amor é sentimento, é estado de espírito, é vida.
Sexo é atividade física, fisiológica, reprodutiva, recreativa.
Eu não "faço amor". Amor não se faz; amor se sente, se constrói ou simplesmente se vive. Querer misturar o conceito de amor com o de sexo é sacanagem. É diminuir e limitar o amor, o mais sublime dos sentimentos. Eu nem deveria usar o termo "conceito" em relação ao amor pois acho que não se conceitua o amor. Conceituar também seria limitá-lo.
Também não acho que se deva confundir carinho, atenção e cuidado durante o ato sexual com amor. As pessoas se empolgam e acabam misturando tudo.
O homem pode amar alguém sem fazer sexo com essa pessoa. E pode fazer sexo sem amar. E o sexo, ainda assim, pode ser bom. Mais uma prova de que são coisas distintas e que, via de regra, caminham separadas.
Eu acho "brochante" quando ouço alguém dizer "fazer amor". Desculpe, mas estou sendo sincero. Acho brega. Da mesma forma que eu acho meio frio dizer "transar". Existem termos mais leves. Ou, pensando bem, eu acho que sexo é uma daquelas coisas que devem dispensar rótulos ou denominações. Sexo dispensa palavras. Sexo é sexo. É bom e pronto.
Antes de ser mal interpretado, eu quero ressaltar, todavia, que sexo com quem se ama é ainda melhor do que com uma pessoa qualquer. Claro que isso é relevante. Ainda mais numa relação estável, onde deva existir fidelidade, segurança, cumplicidade. Mas não é isso que está em análise aqui.
Muita coisa é dita, "vendida" ou "comprada" sem pensar. Acho que o termo "fazer amor" é uma delas. As palavras têm poder, valor e significado. Por isso, cuidado.
Ame. Construa o amor, espalhe o amor, viva o amor, viva em amor. E não deixe de fazer sexo.
Amor é sentimento, é estado de espírito, é vida.
Sexo é atividade física, fisiológica, reprodutiva, recreativa.
Eu não "faço amor". Amor não se faz; amor se sente, se constrói ou simplesmente se vive. Querer misturar o conceito de amor com o de sexo é sacanagem. É diminuir e limitar o amor, o mais sublime dos sentimentos. Eu nem deveria usar o termo "conceito" em relação ao amor pois acho que não se conceitua o amor. Conceituar também seria limitá-lo.
Também não acho que se deva confundir carinho, atenção e cuidado durante o ato sexual com amor. As pessoas se empolgam e acabam misturando tudo.
O homem pode amar alguém sem fazer sexo com essa pessoa. E pode fazer sexo sem amar. E o sexo, ainda assim, pode ser bom. Mais uma prova de que são coisas distintas e que, via de regra, caminham separadas.
Eu acho "brochante" quando ouço alguém dizer "fazer amor". Desculpe, mas estou sendo sincero. Acho brega. Da mesma forma que eu acho meio frio dizer "transar". Existem termos mais leves. Ou, pensando bem, eu acho que sexo é uma daquelas coisas que devem dispensar rótulos ou denominações. Sexo dispensa palavras. Sexo é sexo. É bom e pronto.
Antes de ser mal interpretado, eu quero ressaltar, todavia, que sexo com quem se ama é ainda melhor do que com uma pessoa qualquer. Claro que isso é relevante. Ainda mais numa relação estável, onde deva existir fidelidade, segurança, cumplicidade. Mas não é isso que está em análise aqui.
Muita coisa é dita, "vendida" ou "comprada" sem pensar. Acho que o termo "fazer amor" é uma delas. As palavras têm poder, valor e significado. Por isso, cuidado.
Ame. Construa o amor, espalhe o amor, viva o amor, viva em amor. E não deixe de fazer sexo.
Thursday, September 23, 2010
Às vezes nós não entendemos porque não chamamos a atenção de algumas pessoas. Eu estou me referindo ao sexo oposto mesmo (ou não). Algumas pessoas não notam a nossa existência. Por que será que essas coisas acontecem?
Em todas as áreas da vida é quase impossível alcançar a unanimidade. Isso também vale para os relacionamentos e as amizades. Ninguém consegue agradar a todos. Se você já descobriu que agrada os gregos, esqueça os troianos.
Alguns gostam de Pepsi, enquanto outros gostam de Coca-Cola. Uns preferem o mar, outros preferem as montanhas. Alguns preferem a cidade, outros preferem o campo. Isso é natural do ser humano. Em todas as áreas da vida é quase impossível alcançar a unanimidade. Isso também vale para os relacionamentos e as amizades. Ninguém consegue agradar a todos. Se você já descobriu que agrada os gregos, esqueça os troianos.
Mas como podemos nos preparar pra enfrentar essas situações? Como devemos agir? Como podemos evitar frustrações?
Devemos descobrir qual é a nossa praia! Devemos nos posicionar: saber quem somos, o que queremos e onde pretendemos chegar. E principalmente: "com quem" queremos estar.
Um exemplo interessante de falta de posicionamento são aquelas menininhas calmas, tranquilas, estudiosas, praticamente umas nerds, que vão a uma boate numa sexta à noite pra tentar conhecer um cara legal - o príncipe do cavalo branco.
Façam-me o favor! Será que elas realmente acham que o príncipe encantado vai estacionar seu cavalo branco em frente à boate e vai entrar lá pra encontrá-la? Pior: será que em algum momento elas pararam pra pensar que a possibilidade de encontrar um príncipe num cavalo branco em uma boate é quase inexistente? Boate começa funcionar às 23h e eu ouvi dizer que príncipes dormem cedo.
Em regra, quem vai a uma boate, vai pra festar e não pra arrumar um namorado. Isso é fato. Claro que há exceções, mas essa é a regra.
Quando era pré-adolescente, eu tinha um amigo que era super engraçado, um comediante nato, e eu invejava o modo como ele chamava a atenção das meninas com as suas gracinhas. Eu tentava ser engraçado como ele, mas não conseguia. E acabava pagando mico. Com o tempo eu percebi que esse cara não era muito esperto ou inteligente, e que as meninas que achavam graça nele tinham um perfil bem parecido. Ou seja, o público que ele atraía com as suas gracinhas era fascinado apenas por gracinhas. Nada mais. Eu percebi que não havia muita vantagem em fazer sucesso com esse público. Com o tempo, eu fui descobrindo qual era a minha tribo ou qual era a minha praia. Quer dizer, com o tempo eu fui descobrindo com quem eu tinha afinidade.
As pessoas precisam se conhecer e, a partir daí, se posicionar. Por exemplo, se o cara é extremamente conservador e religioso, ele deve ir à igreja pra tentar arrumar uma namorada. Se a menina não quer correr o risco de se casar com um alcóolatra, ela deve passar longe de botecos. Se você não gosta de cigarro, nem dê conversa a um fumante. Se a sua praia favorita é Ipanema, o que você vai cheirar no Piscinão de Ramos? Caso contrário, cedo ou tarde, você vai se incomodar. E não adianta vir com aquela conversinha mole de que com o tempo ele ou ela melhoram. Geralmente, a tendência é as pessoas se acomodarem e piorarem. Não se iluda!
Por isso, meu conselho é: pare tudo! Se conheça, se organize, se posicione. Faça uma lista de prioriades, pense nas coisas que você gosta e deseja pra sua vida. Faça outra lista com as coisas que você odeia. Agora cruze as listas e pare de entrar em barca furada!
Você é responsável pelas suas escolhas. E escolhas trazem consequências. Depois não adianta reclamar.
Wednesday, September 22, 2010
Fui à farmácia comprar um xampu. Deparei-me com uma prateleira cheia deles, de todas as cores, todos os tipos. Parei. Olhei. Pensei. Surgiu então uma dúvida: qual comprar? Peguei um deles. Estava escrito “cabelos longos e rebeldes”. Não era o meu tipo. Peguei outro: “cabelos tingidos”. Também não era para mim.
Alcancei outro: “2 em 1 - shampoo e condicionador”. Me irritei. Por que esse estrangeirismo? Em português é XAMPU. Com X e U. Um “preparado saponáceo empregado na limpeza dos cabelos”, de acordo com o dicionário Aurélio. Jurei que iria pegar o último. Nele estava escrito: “cabelos secos e quebradiços”. Nenhum servia para meu tipo de cabelo: normal. Nem longo nem curto. Nem seco nem ensebado. Nem quebradiço nem forte. Eis que surge o atendente:
- Posso ajudar?
- Sim. Estou procurando xampu.
Ele faz uma cara de resignado, afinal, estávamos em frente a uma prateleira repleta de xampus. Ele conteve o ódio e respondeu educadamente:
- Para qual tipo de cabelo?
Para mim só há dois tipos de estrutura capilar: o cabelo propriamente dito e o não-cabelo, também conhecido como careca. Então respondi:
- Normal. Cabelo normal.
O atendente me olhou com mais ódio ainda e pegou o primeiro que viu pela frente.
- Tem este aqui.
E me mostrou o “cabelos longos e rebeldes”. Será que ele não tinha notado que meus cabelos não são longos, nem rebeldes? Ele percebeu minha cara de reprovação e pegou outro:
- Tem esse outro aqui: cabelos crespos.
- Olha (erguendo a voz), tem este 2 em 1 com condicionador, tem este 3 em 1 com anticaspa...
Tinham todos. Até xampu 9 em 1 com tocador de mp3 e máquina fotográfica, para fios ondulados no meio e crespos nas pontas. Só não tinha um xampu 1 em 1, cabelo normal. Eu só queria um xampu. Só!
Ele pegou outro. Era “cabelos oleosos”. Notei que não iria encontrar o que eu queria e me convenci de que meu cabelo era oleoso. Aceitei a sugestão:
- Obrigado pela ajuda.
- Não tem de quê.
Paguei e saí me sentindo um E.T. Como é difícil ter cabelo hoje em dia!
E você, qual o seu tipo de xampu?
E você, qual o seu tipo de xampu?
Thursday, September 16, 2010
ABAIXO AS MINORIAS!
Tenho um colega no serviço que é vegetariano. Tudo bem, nada contra. Eu como meu bife mal-passado num canto, e ele se sacia com a salada dele no outro. Nenhum dos dois tentou convencer o outro a entrar para o "lado negro da força" e todo mundo convive numa boa. Devia ser assim com todo mundo. Mas não é.
Toda minoria é radical e absoluta. Meu colega é uma exceção dentre o pequeno grupo dos comedores de mato. No mínimo uma vez por mês você vê nos jornais um protesto de vegetarianos contra o consumo de carne. E lá vão eles para as ruas com os corpos pintados, embalados como um pedaço de alcatra no supermercado, ou só com uma folhinha de alface cobrindo as partes íntimas (que ironia, o único atrativo dos protestos vegans é... a carne, literalmente). É o tipo de manifestação que o povo olha, solta um entediado "ah", e segue com sua vidinha. Fora aquelas propagandas chocantes e/ou engraçadinhas, tentando provar que quem come salada é melhor de cama do que um comedor de carne.
Agora, imagina o que acontece se eu, um tiranossauro rex no ápice da cadeia alimentar, resolvesse fazer uma passeata a favor do consumo de carne? Iam querer me matar! Seria comparado a Ivan, o Terrível, pela minha impiedosidade contra os pobres bichinhos. E não ia demorar muito para o meu protesto pacífico virar uma praça de guerra. No dia seguinte, e-mails me ameaçando, abaixos-assinados circulando pelo mundo pedindo a minha excomungão social e o massacre moral perante a mídia.
Pior do que as minorias radicais, são as minorias impostas pela sociedade e pelo governo. Essa história de cotas universitárias para negros e pobres que o Governo criou. Isso me cheira a "vamos criar uma solução rápida para uma cagada que nunca conseguimos arrumar", que é a qualidade do ensino fundamental e médio. Como se um estudante negro não tivesse condições intelectuais de chegar no ensino superior pelos seus próprios méritos. Fora que eu não posso chamar um negão de negão, pois posso ser acusado de preconceito. De agora em diante quem me chamar de branco, branquinho ou branquelo vai ter que responder na justiça por discriminação aos... aos... sei lá, caucasianos-brasileiros-descendentes?
Eu mesmo faço parte de várias minorias - a dos fumantes é uma delas. Apesar de não fumar muito, só quando estou muito ansioso (então é quase toda hora). Neste caso é chato ser dessas minorias porque as pessoas sempre querem que você mude. "Para de fumar essa droga!", "Já procurou um tratamento? É saudável e faz bem" são algumas das frases que ouço diariamente. E juro, me controlo para não dizer um FODA-SE na cara de quem as pronuncia. E em verdade lhes digo: no dia que eu resolver ser radical para defender as minorias que represento, você vai achar o MST um movimento brando e pacífico.
Só sei que o mundo seria um lugar muito melhor se cada um pudesse ser o que é, sem ser coagido a mudar, sem se ofender com o próximo, e sem se achar excluido da sociedade a ponto de se auto-intitular pertencente a uma minoria.
Toda minoria é radical e absoluta. Meu colega é uma exceção dentre o pequeno grupo dos comedores de mato. No mínimo uma vez por mês você vê nos jornais um protesto de vegetarianos contra o consumo de carne. E lá vão eles para as ruas com os corpos pintados, embalados como um pedaço de alcatra no supermercado, ou só com uma folhinha de alface cobrindo as partes íntimas (que ironia, o único atrativo dos protestos vegans é... a carne, literalmente). É o tipo de manifestação que o povo olha, solta um entediado "ah", e segue com sua vidinha. Fora aquelas propagandas chocantes e/ou engraçadinhas, tentando provar que quem come salada é melhor de cama do que um comedor de carne.
Agora, imagina o que acontece se eu, um tiranossauro rex no ápice da cadeia alimentar, resolvesse fazer uma passeata a favor do consumo de carne? Iam querer me matar! Seria comparado a Ivan, o Terrível, pela minha impiedosidade contra os pobres bichinhos. E não ia demorar muito para o meu protesto pacífico virar uma praça de guerra. No dia seguinte, e-mails me ameaçando, abaixos-assinados circulando pelo mundo pedindo a minha excomungão social e o massacre moral perante a mídia.
Pior do que as minorias radicais, são as minorias impostas pela sociedade e pelo governo. Essa história de cotas universitárias para negros e pobres que o Governo criou. Isso me cheira a "vamos criar uma solução rápida para uma cagada que nunca conseguimos arrumar", que é a qualidade do ensino fundamental e médio. Como se um estudante negro não tivesse condições intelectuais de chegar no ensino superior pelos seus próprios méritos. Fora que eu não posso chamar um negão de negão, pois posso ser acusado de preconceito. De agora em diante quem me chamar de branco, branquinho ou branquelo vai ter que responder na justiça por discriminação aos... aos... sei lá, caucasianos-brasileiros-descendentes?
Eu mesmo faço parte de várias minorias - a dos fumantes é uma delas. Apesar de não fumar muito, só quando estou muito ansioso (então é quase toda hora). Neste caso é chato ser dessas minorias porque as pessoas sempre querem que você mude. "Para de fumar essa droga!", "Já procurou um tratamento? É saudável e faz bem" são algumas das frases que ouço diariamente. E juro, me controlo para não dizer um FODA-SE na cara de quem as pronuncia. E em verdade lhes digo: no dia que eu resolver ser radical para defender as minorias que represento, você vai achar o MST um movimento brando e pacífico.
Só sei que o mundo seria um lugar muito melhor se cada um pudesse ser o que é, sem ser coagido a mudar, sem se ofender com o próximo, e sem se achar excluido da sociedade a ponto de se auto-intitular pertencente a uma minoria.
Monday, September 13, 2010
NÃO SE APAIXONE
Se eu pudesse dar aos meus leitores apenas um conselho, diria: não se apaixonem.
Foi comprovado pela ciência que pessoas apaixonadas ignoram qualquer pesquisa científica. Ignoram também as leis da física e da lógica - talvez daí venha aquela sensação de estar voando entre núvens.
A paixão é cega e não é a toa. Ela não escolhe pessoas pela aparência, pela idade, pelo biotipo. E por mais que digam que o nariz dele é grande, ou que ele é meio birolho, você não liga. A cegueira é contagiante. E pega.
Não tente adivinhar quando irá se apaixonar, porque é totalmente imprevisível e intenso. Quase como se estivesse em meio a um abalo sísmico de nove graus na escala Richter. A diferença é que só existe uma vítima: VOCÊ.
A paixão faz com que as palavras que tanto queremos dizer tranquem no céu da boca, oscilando entre sairem de uma vez ou serem engolidas para evitar uma bobagem que estrague tudo.
A mesma paixão que faz o corpo paralizar de medo é aquela que faz você se mexer incontrolavelmente em busca de um abraço apertado.
Estar apaixonado é como andar numa linha tênue que separa o êxtase da dor, com aquele ventinho sacana assoprando sempre para o lado deste último.
E quando dói, dói. A dor da paixão é igual a dar uma topada forte com o mindinho. Uma lágrima escorre no canto do olho enquanto dá vontade de gritar os mais inomináveis palavrões para todo mundo. Como cada um sabe a dor que sente, a tendência é mandar para um lugar não muito agradável qualquer um que chegar e dizer que uma hora a dor vai embora.
O pior é que vai embora. Fica apenas aquela sensação de vazio.
Pois, por mais que a paixão provoque tantas reações adversas, é ela que desperta a sensação magnífica de se estar vivo.
Quando menos esperar, estará apaixonado de novo. E ignorando o meu conselho.
Sabiamente.
Foi comprovado pela ciência que pessoas apaixonadas ignoram qualquer pesquisa científica. Ignoram também as leis da física e da lógica - talvez daí venha aquela sensação de estar voando entre núvens.
A paixão é cega e não é a toa. Ela não escolhe pessoas pela aparência, pela idade, pelo biotipo. E por mais que digam que o nariz dele é grande, ou que ele é meio birolho, você não liga. A cegueira é contagiante. E pega.
Não tente adivinhar quando irá se apaixonar, porque é totalmente imprevisível e intenso. Quase como se estivesse em meio a um abalo sísmico de nove graus na escala Richter. A diferença é que só existe uma vítima: VOCÊ.
A paixão faz com que as palavras que tanto queremos dizer tranquem no céu da boca, oscilando entre sairem de uma vez ou serem engolidas para evitar uma bobagem que estrague tudo.
A mesma paixão que faz o corpo paralizar de medo é aquela que faz você se mexer incontrolavelmente em busca de um abraço apertado.
Estar apaixonado é como andar numa linha tênue que separa o êxtase da dor, com aquele ventinho sacana assoprando sempre para o lado deste último.
E quando dói, dói. A dor da paixão é igual a dar uma topada forte com o mindinho. Uma lágrima escorre no canto do olho enquanto dá vontade de gritar os mais inomináveis palavrões para todo mundo. Como cada um sabe a dor que sente, a tendência é mandar para um lugar não muito agradável qualquer um que chegar e dizer que uma hora a dor vai embora.
O pior é que vai embora. Fica apenas aquela sensação de vazio.
Pois, por mais que a paixão provoque tantas reações adversas, é ela que desperta a sensação magnífica de se estar vivo.
Quando menos esperar, estará apaixonado de novo. E ignorando o meu conselho.
Sabiamente.
Saturday, September 04, 2010
QUERIDA, ENCOLHI AS CRIANÇAS
MORAL DA HISTÓRIA: Crianças bonitas nem sempre se tornam adultos bonitos.
Você, passando pelos álbuns de família, já deve ter notado que algumas poses e brincadeiras feitas nas fotos acabam se repetindo anos depois, e é muito divertido comparar uma pose semelhante em épocas distintas. E é mais ou menos isso que o arquiteto e viciado em virais da internet Ze Frank quer em seu mais recente projeto, o Young Me/Now Me: mostrar pessoas em poses ou atividades parecidas em fotos do passado e de agora. Já são centenas de imagens no site dessa interessante brincadeira.
Selecionei algumas das minhas preferidas. Espero que vocês também gostem:
Selecionei algumas das minhas preferidas. Espero que vocês também gostem:
MORAL DA HISTÓRIA: Crianças bonitas nem sempre se tornam adultos bonitos.
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