Thursday, September 16, 2010

ABAIXO AS MINORIAS!

Tenho um colega no serviço que é vegetariano. Tudo bem, nada contra. Eu como meu bife mal-passado num canto, e ele se sacia com a salada dele no outro. Nenhum dos dois tentou convencer o outro a entrar para o "lado negro da força" e todo mundo convive numa boa. Devia ser assim com todo mundo. Mas não é.
Toda minoria é radical e absoluta. Meu colega é uma exceção dentre o pequeno grupo dos comedores de mato. No mínimo uma vez por mês você vê nos jornais um protesto de vegetarianos contra o consumo de carne. E lá vão eles para as ruas com os corpos pintados, embalados como um pedaço de alcatra no supermercado, ou só com uma folhinha de alface cobrindo as partes íntimas (que ironia, o único atrativo dos protestos vegans é... a carne, literalmente). É o tipo de manifestação que o povo olha, solta um entediado "ah", e segue com sua vidinha. Fora aquelas propagandas chocantes e/ou engraçadinhas, tentando provar que quem come salada é melhor de cama do que um comedor de carne.
Agora, imagina o que acontece se eu, um tiranossauro rex no ápice da cadeia alimentar, resolvesse fazer uma passeata a favor do consumo de carne? Iam querer me matar! Seria comparado a Ivan, o Terrível, pela minha impiedosidade contra os pobres bichinhos. E não ia demorar muito para o meu protesto pacífico virar uma praça de guerra. No dia seguinte, e-mails me ameaçando, abaixos-assinados circulando pelo mundo pedindo a minha excomungão social e o massacre moral perante a mídia.
Pior do que as minorias radicais, são as minorias impostas pela sociedade e pelo governo. Essa história de cotas universitárias para negros e pobres que o Governo criou. Isso me cheira a "vamos criar uma solução rápida para uma cagada que nunca conseguimos arrumar", que é a qualidade do ensino fundamental e médio. Como se um estudante negro não tivesse condições intelectuais de chegar no ensino superior pelos seus próprios méritos. Fora que eu não posso chamar um negão de negão, pois posso ser acusado de preconceito. De agora em diante quem me chamar de branco, branquinho ou branquelo vai ter que responder na justiça por discriminação aos... aos... sei lá, caucasianos-brasileiros-descendentes?
Eu mesmo faço parte de várias minorias - a dos fumantes é uma delas. Apesar de não fumar muito, só quando estou muito ansioso (então é quase toda hora). Neste caso é chato ser dessas minorias porque as pessoas sempre querem que você mude. "Para de fumar essa droga!", "Já procurou um tratamento? É saudável e faz bem" são algumas das frases que ouço diariamente. E juro, me controlo para não dizer um FODA-SE na cara de quem as pronuncia. E em verdade lhes digo: no dia que eu resolver ser radical para defender as minorias que represento, você vai achar o MST um movimento brando e pacífico.
Só sei que o mundo seria um lugar muito melhor se cada um pudesse ser o que é, sem ser coagido a mudar, sem se ofender com o próximo, e sem se achar excluido da sociedade a ponto de se auto-intitular pertencente a uma minoria.

3 comments:

Regis Sousa said...

Assim como você participo de minorias e acredite as vezes me sinto melhor, pois não preciso me esforçar para ser notado, ou simplismente para alguem sentir minha falta, claro que isso tudo não supre as angustias de ser diferente, mas´é um lado positivo.

Um abraço
regisous@

Anonymous said...

Oi Ewan, interessante seu post, concordo também, sempre vai ter aqueles chatos seguidores de padrao q vao ficar enchendo o aco se algueem for diferente. Fui vegetariana por 5 anos e nunca discriminei as pessoas por isso. Voltei a comer carne e continuo na minha, respeitando as opções alheias. Assim como outras preferências q nem sempre são iguais às dos outros e q tb sempre tem alguem para nos cutucar.

Gabriel said...

Cara, pensassem todos como você (e eu, óbvio). Cada um com sua minoria, mas sem tentar convencer ninguém do que é melhor.
Vivo na minoria dos ateus e é um saco quando alguém descobre e fica te enchendo "como você pode duvidar dele?". É, um FODA-SE seria bem adequado...
Parebéns pelo post e pelo blog, cara. Parece que os certos nem sempre (ou quase nunca?) são a maioria. Afinal, tudo é relativo, e ninguém está certo por completo.