Tuesday, August 31, 2010

MORTE ÀS FÃS GRALHAS

As fanáticas 'biexitas' (mistura de Bieber com xiitas) são as pessoas mais filhas da puta que podem existir. Aliás, fãs fanáticas em geral me irritam. Por exemplo, as do Justin Bieber e de certas bandas como Hori, Cine e Restart. Me refiro àquelas que se vestem igual, falam igual, se comportam igual, peidam igual e tentam pensar igual o seu ídolo. Vivem por ele, morrem por ele. Com o tempo esse fanatismo todo faz com que a fã perca sua própria identidade. E a cada ano, a cada década, isso se torna mais preocupante. Na minha época fãs gostavam, choravam, mas viviam suas vidas independente disso. Hoje elas só falam de tal coisa o tempo todo. Estão possuídas! Criam contas no Twitter para xingar as bandas adversárias ou montam Fã Clubes para que outras criaturas tão idiotas quanto elas também sigam. Pessoas normais até tentam se comunicar com essa gente, e, às vezes, até conseguem por alguns segundos, mas o papo sempre acaba voltando para os mesmos comentários inúteis.
Fã fanático não perde a oportunidade de obrigar as outras pessoas a ouvirem as músicas dessa ou daquela banda, se preocupando mais em fazer os outros apreciarem do que ele mesmo se assumir um tremendo babaca. Isso para eles funciona como um tipo de conversão, e deve ser feita - não provando sua preferência através de argumentos - de modo insuportável e repetivo até a rendição do convertido. É natural eles batucarem as músicas, assobiarem, usarem em toques de celular, no despertador. Sem contar os chaveiros, faixa de cabeça (que, aliás, deve comprimir ainda mais o cérebro já atrofiado) e pôsters gigantes que enfeiam os quartos. No próprio enterro essa pessoa provavelmente irá pedir para tocar aquela maldita música, mas por bom senso ninguém vai atender o pedido. Se atendessem, todos iriam embora na mesma hora, tremendamente aborrecidos. Antes ainda, sucumbiriam à vontade de dar uma bela bofetada na cara do defunto. Lembrariam de todas as vezes que foram obrigados a ouvir tal despudor.
É comum esse tipo de fã te abordar e começar a falar sobre as letras das canções, dissertando verso por verso, frase por frase, palavra por palavra, letra por letra e ponto por ponto, tudo a fim de demonstrar toda a genialidade daquela "obra prima". Tal comportamento não é algo que se constrói rápido, mas vai se acumulando. É resultado de meses de ardoroso estudo individual e outros meses de complexas discussões travadas com outros fãs através de sites de relacionamento, fóruns e comunidades do Orkut.
Uma carinha bonita não pode mais cantarolar 'Atirei o Pau no Gato' que uma multidão de garotas-zumbis formam fila?! Cadê a personalidade dos jovens de hoje? São todas clones uma das outras, pré-adolescentes retardadas loucas para serem levadas em um cavalo branco. Elas estão em todo lugar! Por isso, sejam cautelosos e não zombem em público. Se você xingar o ídolos delas, é morte na certa. Te atacarão como abelhas defendendo sua colméia e, quando você menos esperar, uma caneta piscante com a frase 'I Love Jonas Brothers' estará fincada no seu pescoço.

Monday, August 30, 2010

TELEFONEMA

- Alô?
- Alô. Nossa, que bom que você atendeu. Tem sido tão difícil falar com você. É que eu queria te encontrar de novo. Será que a gente pode se ver hoje?
- Hum... Adoraria, mas...

... estou me sentindo culpado por ter comido o último pedaço do pudim.
... hoje é folga da secretária eletrônica. Vou substituí-la.
... meu tio fugiu do hospício. Mais uma vez.
... como? Não estou ouvindo! Tem alguém aí?
... tenho medo de não saber voltar pra casa.
... quem sabe, talvez, vou pensar, mas só se não chover.
... estou fazendo minha barba. Com pinça.
... não diga mais nada. O telefone está grampeado.
... hoje é a prova final do meu curso de astronauta por correspondência.
... preciso guardar lugar no sofá para minha irmã na hora da novela.
... hoje faz 54 anos que o inventor do liquidificador morreu. Estou de luto.
... recebi um telegrama do governo dizendo que tenho 7 horas para deixar o país.
... descobri que Papai Noel não existe. Tenho que devolver todos os meus presentes de Natal.
... faço parte de uma sociedade secreta que tem um encontro secreto marcado numa data secreta. Não posso falar mais.

- Mas?
- Tudo bem, eu vou. Onde e que horas?
ALERTA RÁPIDO SOBRE UMA PRAGA

[Gravador - REC - 5h17]
Eu só quero que o Justin Bieber cresça logo e vá para a gaveta dos 'Ex-Pop-Stars-Teens', juntinho com seu amigo Aaron Carter (alguém se lembra dele?). A cada dia que se passa as garotas vão em busca de criaturas hemafroditas como esta, e esquecem daquela coisa chamada MASCULINIDADE. Conclusão: se tornam mulheres amarguradas e traumatizadas pelo sexo oposto, vão procurar amparo no colo de suas amigas, se tornam lésbicas, e a evolução procriativa da humanidade fica em crise. Como diria a Xuxa, "Muuuuito bonito!". No fundo, elas só querem ser compreendidas. O que é uma coisa legal, afinal, qual a pessoa que não deseja isso? O que elas não sabem é que tal fato não confere. A possibilidade de homens e mulheres compactuarem dos mesmos pensamentos e ideais é mínima. Ponto final.
Meninas, nunca é tarde para abrir os olhos. Se o seu psiquiatra ainda não fez isso por você, deixe esse post ao menos tentar. Príncipe encantado existe, mas ele já está casado com um cara chamado Ricardão.
Por fim, se até os 17 anos esses sintomas de amor incondicional pelo Justin Bieber não acabarem, procure um médico.
Essa é uma doença que, normalmente, dura até o sétimo ciclo menstrual.
[Gravador - STOP - 5h19]

Sunday, August 29, 2010

QUERO SER GRANDE - Narrado por 'Meu Pênis'.

Um dia, já inconformado, estava Ewan no consultório do doutor Siqueira.
- Veja bem, meu jovem, o que o traz aqui?
- Meu micropênis. - disse Ewan.
- Ora, ora, um pênis-lapiseira! - exclamou o médico babaca, como se reencontrasse um velho amigo de infância.
- Pênis-lapiseira é o caralho! - revidei.
- Eu quero um taco de beisebol! - decretou Ewan, convicto.
Então doutor Siqueira explicou que todos querem um "taco de beisebol", mas que é justamente esse o mais difícil de ser adquirido, por exigir muita perserverança do paciente.
Mas Ewan estava disposto a se esforçar!
Durante duas horas por dia, seguindo as instruções do urologista, me acariciava, me massageava, me punha óleos perfumados, e ainda colocava pesos para eu segurar. Era doloridíssimo.
Após um ano, eu tinha ganho cinco centímetros.
Depois de dois anos, dez!
Ou seja, aos 15 anos, Ewan ostentava uma jeba de 5+10+7 = 22cm! E isso em ponto morto!
Quando em marcha ré, eu chegava a 24 centímetros. Fora a engordada. De sete centímetros de diâmetro, passei pra doze. Sabem lá o que significa? 24x12 de passaporte! Podia penetrar até o mais profundo cu com isso! Viva!
Tal amadurecimento de minha parte imprimu em Ewan uma autoconfiança impressionante.
Sem a menor timidez, desfilava pela casa me balançando. Até o meu vizinho começou a me cumprimentar todas as manhãs.
Só a empregada evangélica que trabalhava no apartamento que não gostava. Cruzava por mim e dizia: "Sai pra lá, coisa ruim!"
No vestiário da natação, que Ewan tinha deixado por vergonha de mim, seu próprio pênis, retomou com afinco. Eram horas e horas de bicho solto, de pessoas querendo ver mais de perto, tocar e colocar me na boca.
Os meninos passavam, e me enchia todo, pensando: sou o Brad Pitt dos pintos!
- Que que é? Nunca viu, não? - gritava eu para os meus companheiros, os outros Bráulios.
Recolhido e chateado, Djalma, o único negro e bem dotado do clube, trancou a matrícula.
A inveja do pênis é uma merda.

Saturday, August 28, 2010

DEPOIMENTO I

"Cabelo castanho, olhos azuis, boca gulosa, corpo escultural, pernas bonitas, bem torneadas, e sou dotado de vinte centímetros. Sou ativo e passivo liberal. Moro sozinho, atendo aqui na minha residência, na cama de casal. Rolam filmes pornográficos gays e dá pra fazer um lance legal, nada mecânico.

Repito esse "comercial" mais ou menos duzentas vezes ao telefone num único dia. Fico vinte e quatro horas à disposição. Eles vêm aqui, mas também rola programa fora. Estou nesse esquema faz poucos meses, mas já deu pra perceber que esse é o melhor jeito para levantar uma grana boa.
Quando minha mãe descobriu que eu era homossexual, me expulsou de casa. Abandonei o colegial para trabalhar numa loja. Fiquei morando de favor com diferentes pessoas por um tempo. Daí mudei pro apartamento de um casal de amigos que 'vendiam o corpo'. Quando chegava à noite em casa depois de dar duro o dia inteiro, me perguntavam: "Quanto você faturou hoje?" Eu era um dos melhores vendedores e ganhava por comissão. Aí o meu amigo ficava me enchendo: "Coitado de você, eu ganhei hoje dez vezes mais, e isso com um cara em vinte minutos, e com outro em quarenta." Isso começou a incomodar a minha cabeça. Pensei: Preciso de dinheiro. Preciso vencer! Mas como? Acho que vou embarcar nessa também. Ninguém nunca vai saber.
Acho que tenho capacidade de vencer também de outra forma, mas trabalhando em loja vai demorar pra caramba. Aqui a gente fica na boa, trabalha deitado. Desisti do meu emprego no shopping na hora.
Meu primeiro programa foi a domicílio. Os meus amigos me levaram ao prédio do cara. Cheguei lá supernervoso, mas por sorte o cara era gatinho. Rolou tudo. Foi fácil demais. Coloquei anúncio no jornal e aluguei um telefone. Ninguém mais conseguia me deter, comecei a gostar do negócio. Atendia uns seis ou sete clientes por dia. Arrebentava! Recebo muito trote, principalmente de mulheres. Tem gente que até marca, me dá o endereço num prédio, mas quando chego lá, o número do apartamento nem existe.
Eu sou mesmo sozinho. Não conheço amor materno. Já me acostumei com isso. Já vivi assim a maior parte do tempo. Tenho amigos que gostam de mim, mas também não ponho a mão no fogo. Cada um por si, sabe como é? Não confio neles de olhos fechados. Sou um pouco pé atrás. Até com meu namorado fico na dúvida. Às vezes ele chega querendo transar. Quando reclamo, ele diz: "Não é isso que você faz o dia inteiro?" Mas, calma, entre a gente deveria ser diferente. Curtir mais o prazer. Senão o sexo fica muito viciado. Não quero só sexo. Isso já me persegue demais. Quero carinho, fazer algo legal com a pessoa amada. Com cliente, por exemplo, nunca rola beijo.
Não me sinto mal como garoto de programa. Ofereço um serviço. Eles me ligam, vêm e vão embora. No meio, bastante mentira, porque a mentira faz parte da profissão. Estou nessa para ganhar dinheiro e entrar numa nova vida, estudar. Mas faço isso porque quero, não há dúvidas.
Não ligo para os conselhos dos outros.
Sou novo ainda. As pessoas me acham bonito, gostoso, que não tenho cara de pobre. Posso aproveitar a minha fase até os vinte e cinco anos. Sei que é limitada e tudo vai acabar daqui a alguns anos. Depois ninguém vai me querer mais. Ninguém."

O ANORÉXICO

No começo daquilo que os médicos chamavam "sua doença" (acrescentando o nome: anoxeria nervosa), Júlio recusava o alimento que lhe era servido, à mesa, com a família; o mesmo fazia no hospital, onde esteve internado. Logo, porém, se deu conta de que aquilo não era suficiente: não podia limitar-se a rejeitar o arroz com feijão, o bife. Tinha de ir mais além. Mas como? Neste dilema debateu-se alguns meses, até que veio a resposta: alimentos IMAGINÁRIOS. Uma categoria na qual não encontraria barreiras. Começou, nesta nova etapa, devagar. Fechava os olhos e, com um mínimo de esforço, via-se no elegante restaurante que, em criança, frequentava com seus pais. Estudava demoradamente o cardápio e pedia um prato sofisticado. Lagosta, por exemplo, ou truta. Quando o garçom trazia a travessa com as pequenas porções de alimento, ele punha-se de pé e, rindo, derrubava tudo no chão. Ou então atirava a lagosta na cara do seu espantado pai. Duas ou três vezes essa conduta foi tolerada, mas depois, naturalmente, o acesso ao luxuoso estabelecimento passou a lhe ser negado. Mesmo gerentes imaginários podem se indignar, o que não chegou a perturbá-lo: simplesmente começou a ir a restaurantes de menos categoria e a lanchonetes. Agora, o que jogava no chão eram pizzas, salgados, cachorros-quentes. E os refrigerantes, decerto. No começo esta conduta foi tolerada, porque em imaginação (e também na realidade) era rico e podia pagar os estragos. Por fim, cansaram delae passou a ser expulso até dos lugares de pior categoria. A esta altura, a quantidade de alimentos que destruira era incalculável, e seu peso se reduzira a uns meros quarenta e cinco quilos (lembrando que se tratava de um rapaz com um metro e setenta e oito de altura), mas ele sentia que sua missão não estava ainda completa. Precisava de algo grande, algo capaz não apenas de abalar o mundo como também de acabar definitivamente com a própria matéria de seu corpo, com a carne, com os nervos, com o sangue. Para isso, precisava subtrair todo o alimento disponível no país e enviá-lo - para onde? - para a África, claro, lá onde pobres criaturas, incapazes da anorexia nervosa, sofriam as angústias da fome. Visualizava, por tanto, enormes armazéns cheios de cereal, gigantes câmaras frias cheias de sangrentas carcaças de boi, barris enormes com leite gordo. Filas de obedientes servos transportavam esta comida a grandiosos navios que cruzavam então o oceano, rumo à África, em cuja praia milhões de famintos aguardavam ansiosos. Mal os barcos descarregavam, se atiravam à comida.
Não é difícil imaginar o que aconteceu. Bem nutridos, os nativos já não se contentavam com o que chamavam de "migalhas". Queriam mais e para tanto não hesitavam em recorrer à violência. Começaram a cruzar o oceano, em barcos toscos. Desembarcavam clamando por alimento, e matavam a quem lhes atravessasse o caminho. Júlio foi um dos primeiros a perecer, atingido no crânio por um certeiro golpe de machado. O atestado de óbito falava em hemorragia cerebral. Mencionava também anorexia nervosa, mas quem sabe das coisas não hesitava em atribuir sua morte à comida. Alimentos imaginários são muito perigosos, mesmo quando não são ingeridos.

Ele deita na borda
da piscina
de pau duro
e boca de romã
às três da manhã

Eu pelado de óculos
escuros
estupro uma torta de manga
parindo poemas
escutando Titãs
Na palma da mão
tinha um poema
que dizia
"Socorro titia
tem um poeta
papando a minha
POESIA."
"Eu estou ficando velho, Zilda. Velho e fraco. E sinto que dessa vez eu não vou durar muito. A vida é tão engraçada, né? A gente nasce, cresce, tem os filhos, os cria, trabalha igual uns filhos da puta! Pra quê? Pra morrer no final. Essas dores no estômago... pra mim isso é câncer. O médico disse que não, repetiu mil vezes, até me mostrou os exames. Mas pra mim é câncer! Pra mim ele tá mentindo, e sabe por quê? Porque ele tem pena de me dizer a verdade! É câncer, Zilda! Eu já vi muita gente morrer dessa doença. É uma morte horrível! É como se fosse um animal grotesco, sem dó nem piedade, que fosse te comendo por dentro, pouco a pouco e lentamente, só pra te fazer sofrer mais. Primeiro ele ataca órgãos: fígado, rins. Depois é a vez dos tecidos, nervos, circulação. Quando você se dá conta, até a sua alma atrofiou. Primeiro você emagrece, e eu já perdi cinco quilos esse ano. Cinco quilos. Aliás, como passou depressa esse ano, não? Quando você vê, acabou o dia, a semana, o mês. Quando você vê, Zilda, ACABOU A VIDA! Se eu continuar com essas dores terríveis no estômago, logo eu vou precisar ir pro hospítal. E no hospital, vixe, a gente morre mais rápido ainda. Acho que é por causa do desamparo, do silêncio. Eu tenho medo de morrer. Tenho sim, e admito. Eu poderia até ter vergonha de dizer uma coisas dessas, afinal, eu já vivi tanto. Mas a verdade mesmo é que eu tenho medo de morrer. Pra mim a morte é o fim, o ponto final. THE END. Não acredito em reencarnação, vida após a morte, em anjos que te levam até o céu. Não! Pra mim o que existe é a carne apodrecendo, cabelo caindo, e a caveira secando no caixão. É, Zilda, eu estou morrendo. De câncer. Mas não se deem por vencidos. Que quando EU morrer, eu volto, só pra puxar o pé de todos vocês!"